Finalizamos o relato da actividade do Pel Caç Nat 65, com o auxílio da História da Unidade do Bart 2857 e com a agradável prestação através do ex-camarada Fur Mil LUÍS MANUEL NUNES GUERREIRO, pertencente ao Pel Caç Nat 65, que connosco conviveu de Janeiro de 1970 a Agosto de 1970, a quem devemos informação e fotografias, complementando o relato dessa Unidade até ao período acima referido.
Estamos de novo reconhecidamente agradecidos.
Aguardamos que outros tomem a mesma louvável iniciativa, que desde já, igualmente, agradecemos, a fim de irmos mais longe no relato desta Unidade que teve um inestimável comportamento no teatro operacional do Leste.
O período acima coincide quase em todo com a permanência do Pel Caç Nat 65 no Sector e Comando do Bart 2857.
Após a data de 27 de Junho de 1970, desde que o Sector de Bajocunda, Pirada passou para o Comando do COP 1, deixamos de ter acesso à actividade do Pel Caç Nat 65 e deste modo relatamos a informação prestada pelo Luis Guerreiro.
Relembramos que o Luis Manuel Nunes Guerreiro, ex-Fur Mil pertenceu ao 4.º Grupo de Combate da Companhia de Artilharia 2410 e mais tarde do Pel Caç Nat 65, Ganturé, 68/70, e desde 1971 residente em Montreal , no Canadá.
ACTIVIDADE OPERACIONAL
em BAJOCUNDA
de 24 Abril 1970 a Agosto 1970
ACTIVIDADE OPERACIONAL
em BAJOCUNDA
de 24 Abril 1970 a Agosto 1970
Bajocunda
Em 24 de Abril de 1970, o Pel Caç Nat 65 passa a reforçar BAJOCUNDA
Em 28 de Abril de 1970, deslocam-se a Bajocunda Sua Excelência o Comandante-Chefe e o Comandante de Agrupamento.
O primeiro mês foi calmo, e passou-se relativamente bem.
A actividade foram, emboscadas nocturnas na Tabanca de Tabassi, patrulhamentos e colunas a Nova Lamego e a Copa.
Obuses em Bajocunda
Pel Caç Nat 65 em patrulhamento
Bacari e Zé Pequeno
Em 14 de Maio de 1970, um grupo de combate da Cart 2438, com duas secções do Pel Caç Nat 65, a fim de verificar os campos de minas montados pelas NT nos trilhos junto à fronteira, verificação necessária dada a proximidade da época das chuvas.
Após a verificação de 15 engenhos explosivos, os especialistas que os tinham montado e que seguiam à testa da secção, ao verificarem a 16.ª mina A/P, esta deflagrou, sem ter sido pisada, causando dois feridos, que foram posteriormente evacuados:
Armindo da Silva Carvalho, Alf Mil Minas Armadilhas, Cart 2438
Em 18 de Junho de 1970, deslocam-se a Bajocunda Sua Excelência o Comandante-Chefe e o Comandante de Agrupamento.
Vasco de F. Martins, Fur Mil Operaç. Especiais, Cart 2438
«Conforme confirmação Fur Mil José Guerreiro, do Pel Caç Nat 65, que se encontrava a cerca de 3 metros deles, quando a mina que estavam a levantar rebentou.
Pensou que estivessem mortos; quando chegou junto deles verificou que estavam vivos, mas não sabia em que estado.
Depressa foram evacuados para Bissau; tiveram muita sorte, por ser uma mina pequena, e os ferimentos não serem muito graves».
Visita ComChefe Gen António de Spínola a Bajocunda
Em 27 de Junho de 1970, a guarnição do sub-sector de Bajocunda passa a integrar-se no COT 1, recém-constituído.
«Comando Operacional Temporário n.º 1
Foi criado em 27 de Junho de 1970, para fazer face à intensa actividade IN, levada a cabo na região de PIRADA – BAJOCUNDA, a partir de 13 de Julho de 1970.
Assume a responsabilidade da zona com sede em BAJOCUNDA e integrando os subsectores de PIRADA e BAJOCUNDA, retirados ao Batalhão de Caçadores n.º 2863 e Batalhão de Artilharia n.º 2857, ficando na dependência do Comando de Agrupamento n.º 2957.
Em 20 de Agosto de 1970 o sector, foi aumentado com um novo subsector instalado em PAÚNCA por atribuição de uma nova subunidade.
Em 12 de Novembro de 1971, assume a responsabilidade desta zona de acção o Batalhão de Cavalaria n.º 3864, passando a ser designado por Sector L-6, tendo o Comando Operacional Temporário n.º 1 sido extinto em 22 de Novembro de 1971» Em 4 de Julho de 1970, nesse dia o Pel Caç Nat 65, teve como missão fazer uma coluna a Nova Lamego, para buscar o correio.
Sendo eu o responsável pela coluna, por volta das 07h00, saímos de Bajocunda pela estrada de Pirada.
Chegados a Nova Lamego (Gabú) esperamos pelo avião e, quando o correio nos foi distribuído, fiz os preparativos para regressar.
Um alferes da CArt 2438, que tinha vindo no avião, perguntou-me se podia vir na nossa coluna, ao que eu respondi que sim, avisando-o que ia pela outra estrada que não passava em Pirada, ao que ele me retorquiu que, essa estrada, se encontrava em piores condições.
Disse-lhe então que se queria vir com o meu grupo, era por aquela estrada porque, por experiência própria, não gostava de passar duas vezes seguidas pelo mesmo sítio.
Mais informei que se encontrava ali uma coluna de civis, aonde se juntou um Grupo de Combate dos Comandos Africanos (G.C.A.), para seguir para Bajocunda, pela estrada de Pirada mas, mesmo assim, o alferes resolveu vir connosco.
Chegados a Bajocunda, e quando me encontrava a depositar os sacos do correio, ouviu-se um verdadeiro tiroteiro, para os lados da tabanca de Tabassi, na estrada de Pirada.
O Capitão da CArt 2438, que se encontrava junto a mim, perguntou o que seria aquilo, indaguei se ele tinha homens fora, ao que me disse que não.
Pensei logo que seria uma emboscada à coluna de civis e ao G.C.A.
A emboscada estava, na realidade, montada para o meu Pel Caç Nat 65, porque devem ter sabido que nós tínhamos saído e, normalmente, regressávamos pela mesma estrada.
Em Bajocunda não havia conhecimento da coluna de civis.
Saí imediatamente com o meu grupo de combate e, à chegada junto da referida coluna, deparamos com uma viatura civil a arder com o corpo do condutor calcinado pelo fogo, só se vendo os ossos (como se pode ver nas fotos que envio).
Foi a nossa sorte, pois a emboscada na estrada entre Pirada e Bajocunda, estava preparada para nós, mas quem a sofreu foram viaturas civis, e um pelotão de Comandos Africanos, tendo falecido o condutor e o ajudante civis.
O Grupo dos Comandos Africanos sofreu duas baixas, um cabo miliciano de transmissões e um soldado.
Aspectos dos resultados da emboscada na estrada de Pirada-Bajocunda
Primeiro ataque à Tabanca de Tabassi.
A meados de Julho, fomos uns dias acampar, para dita tabanca, porque a maioria das tabancas na área de Pirada, já tinham sido atacadas.
Num dos dias, que tinha eu ido a Bajocunda para tomar um duche, um nativo esteve a ver aonde se encontravam as nossas posições.
Claro que nessa noite não esperava nada, mas na seguinte às 9:00 da noite, aí estavam eles e em grande número a atacar.
Algumas das posições tinham sido mudadas, tiveram azar, pois cerca de meia hora depois retiraram com mortos e feridos, pelas informações sofreram 9.
Tabanca Tabassi
Luís Manuel Nunes Guerreiro
Ex-Furriel Miliciano do 4.º Grupo de Combate da Cart 2410 e mais tarde do Pelotão de Caçadores Nativos 65, Ganturé 1968 a 1970,
e desde 1971 residente em Montreal, no Canadá
Fotos e legendas: © Luis Guerreiro (2009). Direitos reservados.
Fotos e legendas: © Batalhão Artilharia 2857 (2010). Direitos reservados.
Fotos e legendas: © Carlos Nunes-Engenharia (2010). Direitos reservados.
«Uma fotografia é para mim, simultaneamente, o reconhecimento numa fracção de segundo não só da significação de um facto mas da organização rigorosa das formas apercebidas visualmente que exprimem esse facto»HENRI CARTIER – BRESSON.
Publicado por Pereira da Costa, Administrador Blogue Bart 2857
VD
VD
GOSTEI DE VER A MINHA BAJOCUNDA, PASSEI BONS MOMENTOS NAQUELA TERRA, COMO ERA FURRIEL MECÂNICO DAVA MUITO PETRÓLEO HÁ POPULAÇÃO E ELES AGRACIAVAM-ME COM OVOS, GALINHAS,CARNE DE CABRITO E OUTRAS COISAS, IA AO BAILE DELES SEM QUALQUER PROBLEMA E DEIXEI LÁ GRANDES AMIGOS, MAIS TARDE CONTAREI A HISTÓRIA DO MEU AMIGO MULAI.
ResponderEliminarUM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA VOCÊS TODOS
AMILCAR VENTURA FURRIEL MILº DA 1ªCCAV/BCAV 8323
PIRADA-BAJOCUNDA-COPÁ 73/74
Também gostei de rever Bajocunda através destas fotos, principalmente aquela que mostra a parada onde se içava a Bandeira Portuguesa, foi aquele o primeiro cenário com que me deparei quando desci da Berliett que me transportou até lá.
ResponderEliminarUm Abraço do António Rodrigues
Condutor Auto da 1ª CCAV/BCAV 8323
Pirada - Bajocunda - Copá
Este PEL CAÇ NAT 65 era o que se encontrava em Copá juntamente com o 4º Pelotão da 1ª CCAV/BCAV 8323 em Janeiro de 1974 quando na tarde do dia 7 do mesmo mês o PAIGC desencadeou uma fortíssima flagelação a Copá durante 5.20 horas e mais tarde já durante a noite uma tentativa de assalto com dois carros de combate.
ResponderEliminarDurante estes acontecimentos todos os elementos deste PEL CAÇ NAT 65 com excepção do Alferes e do Furriel Europeus que os comandavam nos traíram e desertaram por completo, o ultimo dos quais cerca das 00.30 horas um 1º Cabo chamado DEMBA um dos elementos mais velhos. Cerca de um mês depois alguns deles começaram a reaparecer em Bajocunda, lembro-me também do Cabral um dos que apareceram em Bajucunda e que gostava muito de ajudar o cozinheiro em Copá.
Já depois do 25 de Abril encontrei um dos desertores integrado numa patrulha do PAIGC junto à tabanca de Tabassai onde faziam controle das nossas viaturas. As palavras que lhe disse na altura foram: tu não passas aqui de uma merda, de um traidor.
Um Abraço do ANTÓNIO RODRIGUES
Condutor Auto da 1ª CCAV/BCAV 8323
PIRADA - BAJOCUNDA - COPÁ 73/74