Damos início ao relato da actividade das unidades não pertencentes ao Batalhão de Artilharia n.º 2857, que intervieram no Sector deste posteriormente ao período de permanência do mesmo entre 1968 a 1970.
De: Pereira da Costa joaomaria.pereiradacosta@gmail.com
Data: 2 de março de 2010 12:32
Assunto: Pereira da Costa deixou um novo comentário na sua mensagem "Guiné 63/74 - P4260: Convívios (117): CART 3521 (P...":
Caro amigo Henrique Castro, sou ex-Fur Mil Oper Info (CIOE-Lamego) da CCS/Bart 2857, em Piche, de 1968 a 1970.
Temos um blogue do Bart 2857 e vamos ter muito que falar, caso estejas de acordo.
Através de email vou escrever.
Continua a efectuar Convívios mesmo que se fiques triste e que só apareçam meia dúzia de pessoas, pois é uma alegria enorme e não deixes quebrar este cordão umbilical de amizade, fraternidade diferente daquela que temos com muitas outras pessoas.
Eu sei quanto custa montar as coisas. Fica a conversa para o email.
Pereira da Costa
De: henrique martins castro henrique_50_@hotmail.com
Para: joaomaria.pereiradacosta@gmail.com
Data: 3 de Março de 2010 12:59
Assunto: Convivios da Guiné e Piche
Caro amigo.
Bom dia.
Recebi com muita surpresa uma mensagem ao meu poste no nosso blogue (luís graça & camaradas da guine) que te vou reenviar e desde já te agradeço, isto é assim, há sempre alguém que se interessa por reviver os maus mas também os bons momentos que passamos na Guiné, eu tive saudades e fui lá em Março de 1995 foram umas boas férias, fui lá só mas vi tudo destruído estátuas, monumentos, ruas, casas, estradas enfim tudo numa miséria só visto.
Para que saibas mais de 80% da população guineense desejava a administração portuguesa, porque os senhores da guerra não tinham competência para governar e isto foi mais que provado ao longo dos anos.
Convido-te a visitar o nosso blogue que na parte esquerda poderás ver noticias sobre piche e o batalhão a que pertenceste, para isso é só clicares no (google) o numero de qualquer companhia ou batalhão que passou pela Guiné, seguir por lá abaixo e na parte esquerda verás o que te interessar.
Se quiseres saber mais alguma coisa estou sempre ao teu dispor.
Castro condutor da Cart 3521.
Um abraço.
Companhia de Artilharia 3521
(Piche, Bafata e Safim 71 - 74)
(Piche, Bafata e Safim 71 - 74)
Contactos: Telefone: 252 932 774 Telemóvel: 911 927 361 E-mail : henrique_50_@hotmail.com
terça-feira, 30 de Setembro de 2008
Composição extraída, com a devida vénia do blogue Luis graça & camaradas da Guiné,
«Guiné 63/74 - P3252: Tabanca Grande (90): Henrique Martins de Castro, ex-Sold Cond Auto da CART 3521 (Piche, Bafatá e Safim, 1971/74)»
A CART 3521, mobilizada para a Guiné no RAP 2 de Vila Nova de Gaia, juntamente com o BART 3873, composto pelas companhias, CART 3492, CART 3493 e CART 3494, seguiu para Lisboa, rumo a Santa Apolónia de comboio.
Embarcaram em 22 de Dezembro de 1971 no N/M «Niassa» rumo à Guiné, onde chegaram a 29 de Dezembro de 1971, passando a consoada e o dia de Natal no alto mar.
De seguida embarcámos numa LDG rumo a Bolama para tirar o IAO que durou mais ou menos um mês. Acabado este, fomos novamente de LDG rumo ao Xime onde havia uma escolta militar à nossa espera para nos levar até Piche.
Já em Piche, a malta da Companhia fazia colunas a Canquelifá, Buruntuma, Nova Lamego, Bambadinca, Bafatá, Galomaro, etc., operações, patrulhas e psíco - que para quem não sabe, era dar um certo apoio e levar medicamentos (mesinho).
Estivemos em Piche mais ou menos até Agosto de 1972, só o primeiro Grupo de Combate ficou em Piche adido ao BCAÇ 3883. A Companhia seguiu para Bafatá com o segundo, terceiro e quarto Grupos de Combate.
Companhia ficou com terceiro e quarto Grupos de Combate adidos ao BCAÇ 3884 em Bafatá, o segundo foi reforçar para Galomaro o BCAÇ 3872.
O terceiro e quarto Grupos de Combate alternaram entre si, ficando um em Galomaro e outro em Cancolim até se juntarem à Companhia em Bafatá, em 24 de Dezembro de 1972. O quarto Grupo de Combate deixa Cancolim e o primeiro deixa Galomaro para irem reforçar a CCAV 3405 em Nova Lamego.
Em 8 de Março de 1973, a Companhia deixa Bafatá rumo ao Combis, perto de Bissau, ficando assim distribuída:
- um Grupo de Combate em Ponta Vicente da Mata,
- um Grupo de Combate e duas Secções em Safim e uma Secção em João Landim, fazendo patrulhamentos apeados, fluviais, psicos, etc.
Em Piche no dia 28 de Fevereiro de 1972, faleceu, vítima de um acidente com arma de fogo, Joaquim Francisco Rodrigues que está sepultado em Passos-Pinho-S. Pedro do Sul.
Em 3 de Abril 1972, também em Piche, sofremos o segundo morto de nome: Agostinho Ferreira Mendes, vitima de um ataque de abelhas na Operação Topázio Maior que começou no 2 de Abril.
Em autêntico desespero com as abelhas, resolveu rebentar com as duas granadas de fumo que trazia para as abelhas fugirem, ficou com um joelho esfacelado e como se pode calcular mais desesperado, pegou na G3, disparou dois tiros, pondo fim à vida. Está sepultado no cemitério concelho de Castro Daire.
Estes dois mortos não constam, como já me apercebi, na placa invocativa dos mortos do Ultramar na ex-RAP2, em Vila Nova de Gaia.
O nosso terceiro morto de nome Octávio José Horta, era Primeiro Sargento Sapador e foi destacado para outra companhia, morrendo a desmontar uma mina em 17 de Abril de 1973, como consta na placa invocativa dos nossos mortos em Safim, na Guiné-Bissau e na da ex-RAP2 em Gaia.
Embarcámos para a Metrópole com 27 meses e meio de Guiné, depois de sermos sucessivas vezes enganados. Adiaram-nos muitas vezes o regresso. Éramos para vir embora com 18 meses, passamos para os 21, dos 21 para os 24 e dos 24 para os 27. Quando no dia 28 de Março de 1974, embarcámos no N/M «Niassa», até julgamos que era mentira. Foi a última viagem que o N/M «Niassa» fez, chegando a Lisboa a 4 de Abril de 1974. Só nos sentimos seguros quando vimos o Cristo-Rei, nunca mais ninguém dormiu tal era a alegria. De manhã a emoção e a alegria eram tão grandes que havia centenas de militares a chorar por ver os seus familiares à espera. Eu também chorei e não tinha lá ninguém. Ainda hoje me arrepio e me emociono passados 34 anos, só em me lembrar desse dia.
Brevemente vou contar uma pequena história sobre a minha ida à Guiné-Bissau, acompanha de algumas fotos.
É tudo por hoje.
Um abraço para todos os que lutaram na Guiné em especial aos da CART 3521.
Ponte de Caium em meados de 1972 na estrada que liga Piche a Buruntuma.
Hotel da malandrice Foto tirada em Piche no abrigo dos condutores.
Abrigo dos condutores: em cima eu, em baixo o Botelho e o Simão.
Foto tirada no primeiro Encontro da CART 3521, passados 23 anos do nosso regresso à Metrópole, em Cucujães, Oliveira de Azemeis, no dia 4 de Abril de 1997.
CART 3494
COMPANHIA DE ARTILHARIA 3494 Guiné
Xime e Mansambo DEZ1971/ABR1974
terça-feira, 28 de Julho de 2009
P- 37 HENRIQUE M. CASTRO (CART. 3521)
Resolvi escrever-te estas duas letras para te dizer muito obrigado pela rectificação da data do segundo encontro do BART 3873 e pela foto do mesmo e para falar um pouco da minha guerra.
Começo por te dizer que fui condutor, fazendo por isso muitas colunas ao Xime, Bambadinca, Canquelifá, Buruntuma, Galomaro, Pirada, etc.etc.
Mais ou menos a partir de 1990 comecei a ter saudades daquela terra e daquelas gentes (Fulas) que até aprendi um pouco da sua língua pelo menos os números sei-os todos, que em 19 de Março de 1995 até 17 de Abril de 1995 fui lá passar férias, gastei muito dinheiro mas valeu a pena, conheci terras que não conhecia mas infelizmente vi muita miséria, vi por exemplo ensinar numa escola em Bambadinca a língua em crioulo em vez de ser em português que era a língua que predominava na Guiné, andei de táxi em plena capital juntamente com galinhas cabrito e outros animais os táxis lá funcionavam como aqui as camionetas de passageiros, já não era a mesma Guiné que nós deixamos, via-se lixo amontoado por todo lado, a inflação era galopante, um escudo quando lá cheguei valia 80 pesos e quando saí já valia 123, quero também que saibas que a maior parte das pessoas preferiam viver colonizadas por Portugal do que independentes pois garanto-te que a Guiné andou para trás seguramente 30 anos desde 1974 a 1995 que fará agora em vez de progredir, as casas foram envelhecendo caindo aos bocados cheguei a ver uma com uma grande arvore lá dentro na capital, enfim com muita pena nossa aquilo está a ficar quase tudo destruído, imagina que nem sequer se ouvia falar de droga e agora já está lá infiltrada e de que maneira.
Fui lá sozinho, andava de um lado para o outro com a máquina de filmar a tiracolo sem preocupação nenhuma mas uma vez no antigo quartel que estive em Safim queriam-me ver o filme e eu tive de fugir pois tinha já filmado o quartel da Amura em Bissau e o de Mansôa podia por isso ser considerado um espião e ter graves problemas, além de já ter filmado Safim, o quartel e as memórias da guerra que era o emblema da companhia a placa dos nossos mortos e uma parede com as seguintes letras (Cart 3521 os independentes).
Estou a pensar passar o filme de cassete para CD e depois arranjo-te um CD para ti.
Para o ano vou lá novamente mas com a mulher ou em Março ou em Dezembro, para visitar Bolama, Bubaque, Guilege, Gadamael e mais algumas terras do arquipélago dos Bijagós.
Sem outro assunto de momento despeço-me com um forte abraço.
Castro da Cart 3521.
Nota do editor SC: Tinha enviado um e-mail ao Henrique a rectificar a data do 1º. convívio em que participou. Foi o 2º. encontro do BART 3873 no ex. RAP 2 (Regimento de Artilharia Pesada 2) em Vila Nova de Gaia, no dia 09 de Junho de 1990 . Respondeu-me com o texto acima descrito. Convém referir que a CART 3521 viajou juntamente com o BART 3873, composto pelas companhias, CART 3492, CART 3493 e CART 3494, no N/M "NIASSA" que partiu de Lisboa no dia 22 de Dezembro de 1971 tendo aportado a Bissau a 29 do mesmo mês. A CART 3521 foi colocada em PICHE até Agosto de 1972
O Henrique Castro foi Sol. condutor auto, vive actualmente em Famalicão.
Texto e fotos extraídos do http://cart3494guine.blogspot.com/ com a devida vénia.
Fotos do Henrique extraídas do blogue:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/ com a devida vénia.
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