quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

HISTÓRIA DA UNIDADE BATALHÃO ARTILHARIA 2857 (1) Actividade no C.T.I. da Guiné.

(1 ) Actividade no C.T.I. da Guiné.


RESPONSABILIDADE DO SECTOR L4

Batalhão de Artilharia n.º 2857
    
     Em 18 de Novembro de 1968 partiram em LDG de Bissau para Bambadinca, a CART 2438 e metade da CCS. Após desembarque, organizou-se uma coluna, que seguiu até Bafatá, onde pernoitou, retomando a viagem no dia seguinte, até Nova LamegoAqui, separaram-se as duas Companhias, seguindo a CCS para Piche e a CART 2438 para Bajocunda, destinos respectivos, onde chegaram nesse mesmo dia 19 de Novembro de 1968.

     A metade da CCS, que ficara em Bissau, partiu com a CART 2440, na manhã do dia 20 de Novembro de 1968, pernoitando em BambadincaEm 21 de Novembro de 1968 chegaram a Nova Lamego e em 22 de Novembro de 1968 a Piche.
    
     A CART 2439 partiu de Bissau no dia 26 de Novembro de 1968, viajou, por via fluvial, até ao Xime e daqui em coluna até Canquelifá, onde chegou no dia 28 de Novembro de 1968.
    
     Foi o BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2857, o primeiro a ter a sua Sede em Piche. As instalações exíguas mal chegavam para uma Companhia, daqui se depreendendo, facilmente, as dificuldades encontradas, para instalação da CCS e CART 2440, tendo-se nos primeiros tempos, recorrido a barracas de campanha.
     Trabalha-se afincadamente desde o início, no melhoramento e adaptação de instalações bem como no aperfeiçoamento do sistema defensivo do Aquartelamento. Uma Equipa de Engenharia continua algumas obras já começadas e inicia a construção da messe de Oficiais e do dormitório dos Sargentos. É difícil a vida do pessoal do Batalhão, privado de muitas das mais elementares condições, nomeadamente instalações sanitárias, tendo grande parte do mesmo, submetido a contínuo e árduo trabalho, de recorrer a uma bolanha próxima para cuidar da sua higiene.

     Em 24 de Novembro de 1968, assumiu a responsabilidade do Sector L4 (zona Leste) com sede em Piche, então criado por subdivisão da zona de acção do Batalhão de Caçadores n.º 2835 (Nova Lamego), com sede em Piche e englobando os subsectores de Piche, Buruntuma, Canquelifá e Bajocunda, este até 27 de Junho de 1970, por ter passado então à disponibilidade do Comando Operacional Temporário n.º 1 (COT 1); de 15 de Março de 1969 a 11 de Outubro de 1969, o Batalhão foi integrado no Comando Operacional n.º 5 (COP 5), então criado.

     A população de Piche acolheu com satisfação a sua chegada, regozijando-se com o facto, pois, até então só existia na localidade uma Companhia a CCAÇ 2403 agora substituída pela CART 2440. Desde o início foi dedicado bastante tempo à preparação da população especialmente no sentido de «mentalização» de auto-defesa, sendo-lhe prestado auxílio nas suas diversas actividades.

     Em Piche, onde já se encontravam do antecedente, ficaram adidos à CCS, o 12.º Pel Art/BAC 1, a Sede do Pel Can S/Recúo 1200 (estando o seu efectivo distribuído por Cabuca, Ponte Caium, Camajabá, Buruntuma e Canquelifá) e um Pel EsqRec FOX 2350, este substituído em cada mês, dado o facto de ter a sua Sede em Bafatá. Destacado deste Pel fica permanentemente na Ponte Caium uma Auto-Metralhadora Daimeller e a respectiva guarnição. O Pel Mil 162 (CMIL 19), estacionada em Bentém, ficou também a depender da CCS/BART.

     Desenvolveu intensa actividade operacional, orientando o seu esforço para a realização de patrulhamentos, emboscadas e protecção e segurança dos itinerários e das populações da área, com especial incidência na reacção a fortes ataques aos aquartelamentos e povoações, desencadeados a partir de bases de fogo no exterior do território.

     Da sua actividade ressalta a detecção e destruição de 27 minas e a detecção e levantamento de mais 67.
     Em 12 de Agosto de 1970, foi rendido no sector de Piche pelo Batalhão de Cavalaria n.º 2922, recolhendo em 28 de Agosto de 1970, a Bissau, afim de aguardar o embarque de regresso.


Companhia de Artilharia n.º 2438

     Seguiu em 18 de Novembro de 1968 para Bajocunda, onde chegou a 19 de Novembro de 1968, a fim de render a Companhia de Caçadores n.º 1683, assumindo, em 25 de Novembro de 1968, a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com um pelotão destacado em Copa, ficando integrada no dispositivo de manobra do Batalhão e depois do COT 1.

     Em 15 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Caçadores n.º 2679, por troca, permanecendo, no entanto, em Bajocunda, em reforço do COT 1, até 21 de Setembro de 1970, após o que recolheu a Bissau, a fim de aguardar embarque de regresso.

     Instalada numa zona bastante povoada, notam-se serem óptimas as suas relações com a população. Tem a CART 2438 dese o início, permanentemente destacdo, em Copá, um Grupo de Combate. O Pel Mil 171, da (CMIL 23), fica adstrito a esta CART, e distribuído por Copá e Bajocunda.


Companhia de Artilharia n.º 2439

     Seguiu em 26 de Novembro de 1968 para Canquelifá, onde chegou a 28 de Novembro de 1968,  a fim de render a Companhia de Artilharia n.º 1689, assumindo, em 01 de Dezembro de 1968, a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Dunane e ficando integrada no dispositivo de manobra do seu Batalhão; em 03 de Abril de 1968 o pelotão destacado em Dunane recolheu à sede da subunidade, tendo sido deslocado por curtos períodos para Piche, em reforço da guarnição local.

     Em 21 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Cavalaria n.º 2748 e deslocou-se para Bissau, por fracções, a fim de aguardar embarque de regresso, tendo entretanto dois pelotões permanecido na zona Leste, em reforço temporário das guarnições de Nova Lamego e Canquelifá, até 20 de Setembro de 1970.


Companhia de Artilharia n.º 2440

     Seguiu em 20 de Novembro de 1968 para Piche, onde chegou a 22 de Novembro de 1968,  a fim de render a Companhia de Caçadores n.º 2403, assumindo, em 01 de Dezembro de 1968, a responsabilidade do respectivo subsector, ficado integrada no dispositivo de manobra do seu Batalhão. A partir de 06 de Julho de 1969, destacou um pelotão para a ponte do Rio Caium e desde finais de Janeiro de 1970, outro pelotão para segurança e protecção dos trabalhos de construção e reordenamento de Cambor.

     Em 12 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Cavalaria n.º 2749 e enquanto dois pelotões seguiram desde logo para Bissau e Bolama, deslocou-se para Nova Lamego a fim de reforçar temporariamente o Batalhão de Caçadores n.º 2893, até 20 de Setembro de 1970, e após o que recolheu igualmente a Bissau, a fim de agurdar o embarque de regresso.


     A CART 1742, com Sede em Buruntuma, fica também a depender, operacionalmente do Batalhão, dado o fac to de estar incluída no Sector do mesmo.

     Tem destacamentos em Ponte Caium e Camajabá e adstritos o Pel Mil 151 (Buruntuma) e Pel Mil 154 (Camajabá).
         
     O 3.º Pel Art encontra-se em reforço a esta CART.


     Pel Esq Rec FOX fazem escolta a quase todas as colunas que, partindo da Sede do Batalhão, saiem do Sector do mesmo.



SITUAÇÃO GERAL

TERRENO
     A ZA do Sector L-4 tem uma superfície plana, de altitude média da ordem dos 60 metros, de cerca de 2.000 Km2, coberta de mata dispersa adensando-se nas margens dos Rios que a cruzam irregularmente. 
    
     Têm como limites a Fronteira com a REPÚBLICA DO SENEGAL (entre o Marco 63 e o Marco 58), a Fronteira da REPÚBLICA DA GUINÉ-CONACRY (entre o Marco 58 e o Marco 50), o RIO CORUBAL (até à confluência do RIO SELI), o RIO SELI (até à confluência com o RIO JUBA), o RIO JUBA, o RIO CAMIDINA, o RIO CAMBAJÃ, CAMBAJÃ (excl), CANJAMO (excl), SINCHÃ BEBE (excl), o Limite Administrativo, o RIO DÉLEBEL, RIO BIDIGOR, RIO NHANGUREM, RIO CHIMANAR, RIO RAPAQUELEL, RIO NÁCIA, RIO BIAI, RIO CORRI, RIO NUNGAJÁ e Marco 63.

     No aspecto hidrográfico existem no Sector cursos de água doce, com um regime de cheias ditado pelas variações do clima. De todos os pequenos rios que se encontram no Sector nenhum é navegável (canoas), com excepção do Rio Corubal e do Rio Caium.

     O solo é argiloso. O tipo de cobertura vegetal dominante é a savana de arbustos com árvores isoladas ou pequenas matas. A vegetação adensa-se junto dos rios ou pequenos cursos de água.
    
     A ZA está dotada duma rede de estradas razoável e de três pistas de aterragem para aviões ligeiros (Piche, Canquelifá e Bueruntuma).

     A permeabilidade dos limites do Sector L-4 não apresenta dificuldade de maior, na medida em quie a Fronteira com a REPÚBLICA DA GUINÉ-CONACRY e com a REPÚBLICA DO SENEGAL, é, na sua maior extensão, seca e os relevos são nulços, facilitando assim a manobra ao IN. Como os rios que completam os limites do Sector são de curso reduzido e irregular mais fácil se torna a entrada na ZA do Sector.

INIMIGO

     Na ZA do Sector L-4 não há instalações do IN de carácter permanente, nem indícios que levem a admitir a hipótese da sua fixação temporária a determinado local de refúgio. A actividade IN ba zona, limita-se a algumas acções sobre a população (com a finalidade de roubar e intimidar) e à implantação de alguns engenhos explosivos em estradas ou outras vias de acesso a povoaçõpes. Todas estas acções irradiam de bases instaladas nos países vizinhos.

POPULAÇÃO

     A fertilidade dos terrenos da região, o clçima e todo um conjunto de condições favoráveis à fixação das populações, explicam a densidade populacional da ZA do Sector.

     Duas tribos principais habitam a região:
          Tribo Fula (a mais numerosa) - Futa-Fulas; Fulas Forros e Fulas Pretos.
          Tribo Mandinga - Mandingas; Pajadincas e Bambarancas.
     Esta população pertence à grande massa dos Nigricianos, do Sudão Ocidental e do Senegal, incluídos sob a designação genérica de «Negros ds Guiné».     
    
     Os Fulas e os Mandingas, assim como os restantes grupos étnicos de outras origens, vivem em franca harmonia e solidaridade. O estado de civilização é o mesmo, lavradores os Mandingas e pastores os Fulas.
    
    A língua continua a separá-los, mas o conhecimento de uma e de outra é frequente de qualquer dos lados.  
    
     Os cruzamentos entre as duas tribos são ainda pouco frequentes.

     Dedicado a uma religião superioor - o islamismo - o Fula não aceita qualquer outra religião a que se pretenda atrair. Por outro lado, é notória a sua preferência pela língua árabe, mesmo deturpada, ao português. Os Fulas, ardentes  propagandistas do Islão, têm escolas nas mais pequenas comunidades; ensina-se lá sobretudo o árabe, embora haja algumas gramáticas de língua fula mas que ensinam em caracteres árabes.

     A população é colaborante com as NT mas pretende contudo manter-se numa posição neutra em relação ao IN, por forma a que agradando a uns, não desagrade completamente a outros.

NOSSAS TROPAS - MISSÃO

     Garantir a segurança da àrea do Sector L-4. Patrulhar frequentemente toda a ZA a dim de detectar eixos de penetração e deter infiltrações IN, aniquilando-o, capturando-o ou expulsando-o, no mínimo, quando se revelar.

     Exercer acções de reconhecimento e vigilância ao longo das Fronteiras.

     Assegurar a liberdade de movimentos nos itinerários do Sector.

    Executar constantes patrulhamentos de contacto com as populações, ajudando-as e dispendendo intenso esforço de Acção Psicológica.

(continua)


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